O poder da sugestão em doentes oncológicos

A hipnose clínica, técnica pouco conhecida em Portugal, assume um papel cada vez mais relevante na saúde mental e física de doentes oncológicos, com Síndrome de Tourette, com fibromialgia, fobias, depressão infantil, Síndrome de abandono, hiperactividade, défice de atenção, entre outras patologias.

São muito poucos os profissionais habilitados a exercer a profissão no nosso país e a falta de conhecimentos sobre o tema, muitas vezes confundido com as actuações de hipnotizadores em espectáculos, leva a que o número de portugueses a recorrer a esta terapia seja ainda reduzido.

Sobre o que é a hipnose clínica, Cristina Infante Borges, hipnóloga clínica, esclarece que “a Hipnose Clínica fomenta um estado natural da consciência que por meio de sugestões ou auto-sugestões, directa ou indirectamente, promove um estado de foco e concentração elevados, levando o indivíduo a dissociar corpo e mente.

Através de múltiplas sugestões, o indivíduo entra num estado de relaxamento intenso, elevando a mente inconsciente, gerindo e assimilando cada sugestão ou auto-sugestão. Neste contexto, não existem limitações físicas, temporais, ideias pré-concebidas ou críticas da mente racional e dedutiva, o que faz com que o indivíduo se torne mais criativo, inovador e produtivo, a fim de gerar as alterações comportamentais ou fisiológicas que necessita para atingir um determinado objectivo.”

Em ambiente hospitalar a hipnose clínica é utilizada em Portugal, sobretudo para ajudar pacientes com dores crónicas. Existem países onde é, inclusivamente, solicitada a colaboração dos hipnologos clínicos para ajudar pacientes a saírem do estado de coma. 

 Cristina Infante Borges, esclarece que “em doentes oncológicos a hipnose é realizada respeitando as indicações médicas e a medicação prescrita. A actuação do hipnólogo clínico é acompanhada pelo médico, procedimento obrigatório.

A hipnose clínica parte do princípio que toda e qualquer doença é psicogeografada por uma fragilidade gerada por algum acontecimento traumático ou mal interpretado, sendo essa psicogeografização física que leva a que o sistema imunitário não detecte as células cancerígenas, não lançando o alerta, como acontece mais rapidamente numa situação viral. 

A hipnose ajuda a pessoa a localizar a dor que inicialmente a fragilizou através de um processo de libertação da emoção traumática, sendo então possível avançar para a “cura”. 

O hipnólogo clínico dá sugestões para que todo e qualquer tratamento que o paciente realize seja encarado, não como evasivo para o organismo mas que os sinta como um poderoso“multivitaminado” que vai vitaminar e “curar”. Deste modo, o paciente recebe de forma saudável os tratamentos oncológicos, tendo uma recuperação mais rápida do que um paciente sem este apoio hipnótico. 

O paciente com apoio através da hipnose faz a sua vida normal, não perde cabelo, não fica prostrado. Sabe e trabalha para a vida e vive mais. No mínimo tem uma esperança média de vida superior a dois anos, em relação ao que era esperado sem terapia”. 

São já alguns os Hospitais em Portugal que recorrem a hipnoterapeutas, como é caso do Hospital de Sta. Maria. No entanto, são ainda muito poucas as parcerias existentes entre os centros de hipnose clínica e as instituições médicas.